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Ser escritor é um ato de resistência? Sim, mas também de insistência
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Toda arte tem certo glamour para quem olha de fora. Não existe nada mais bonito do que um pintor com seu cavalete — ou mesa digitalizadora —, um músico com suas partituras, um ator performando ou um escritor escrevendo.
Mas para quem sabe como as salsichas são feitas, a coisa não é bem assim.
No artigo de hoje, vamos falar sobre como não existe nada de glamouroso na escrita e sobre como, afinal, o trabalho do escritor é um ato de insistência e, principalmente de resiliência.
E como sempre, bem no finalzinho do artigo, vou compartilhar 3 dicas práticas para você, escritor, se manter no ringue do ofício criativo por mais tempo.
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Bora!
Ser escritor não é nada glamouroso
Todo e qualquer tipo de arte, quando olhado de fora, tem um certo charme irresistível para quem não a pratica. É difícil sair de um concerto, de um museu ou de uma galeria se sentindo a mesma pessoa que você era quando entrou. É normal nos sentirmos comovidos ao ler um livro tocante ou ao assistirmos um filme ou peça incrível.
Não nego o glamour da coisa. Mas tudo muda de figura quando você se torna artista.
Por motivos óbvios, vou falar mais sobre escritores e literatura, mas a reflexão serve para qualquer tipo de arte, ok?
Quando um leitor lê um bom livro, ele se sente tocado, aceita os sentimentos recebidos, fecha o livro e segue com a vida. Pode até falar sobre o que leu com os amigos, indicar a leitura na internet e mudar algumas concepções interiores somente porque a obra o tocou.
Literatura, quando bem feita, transforma.
Agora, para os escritores, o buraco é mais embaixo. Quando eles leem um livro realmente bom, surgem dois pensamentos que, a princípio podem parecer contrastantes:
O primeiro: “eu nunca mais quero escrever na minha vida”
O segundo: “preciso escrever algo assim”
E, se o escritor for casca grossa mesmo, começa um trabalho extenuante e solitário, mas ainda assim cheio de alegria: o de escrever.
Se você é única e exclusivamente um leitor, alguém que nunca, nem durante a adolescência, escreveu poemas ruins, é difícil explicar a sensação. No entanto, como lido com as palavras, insisto: a vontade de escrever é avassaladora, consome tudo.
E tento explicar:
Sabe quando você chega em casa numa sexta-feira à noite e tem muita vontade de comer algo extremamente específico? Não é qualquer sushi, é aquele sushi da esquina do seu trabalho, que só abre ao meio dia, e que tem um molho shoyu com um sabor exclusivo de ervas finas. Você faz o seu jantar, mas continua pensando no sushi. Você toma banho, escova os dentes e continua pensando nele até acordar na manhã seguinte. Agonia pura.
Esse é o sentimento que o escritor tem depois de ler um bom livro. Esse é o sentimento que continua por semanas, meses e anos depois de o escritor ler o tal livro.
Mas vamos voltar ao assunto.