O que os livros que li em 2023 me ensinaram para 2024
Spoiler: mais do que eu imaginei que seria possível...
Sempre que um novo ano começa, eu faço um balanço dos livros que li. Assim como algumas pessoas fazem faxinas e simpatias no final do ano, eu criei o costume de olhar para os livros que li no ano que passou e refletir sobre eles na esperança de aprender alguma coisa.
E sem mais delongas, vamos aos:
Livros que li em 2023, e o que eles me ensinaram para 2024
➡️ O Mundo da Escrita, de Martin Puchner
Sou apaixonada por História. E quando alguém propõe traçar um panorama histórico da criação e da propagação dos livros ao longo dos séculos, é quase certo que eu vou ler. Foi um livro que me ensinou a pensar de forma menos fragmentada sobre tudo o que me cerca.
➡️ As 48 Leis do Poder, de Robert Greene
Livro controverso e banido em diversas prisões dos EUA. Apesar da lenga-lenga, me apresentou ao conceito de sprezzatura, definido no século XVI, e que significa a capacidade de fazer o difícil parecer fácil. Tenho a sensação de que esse conceito vai ser bem útil em 2024.
➡️ Quincas Borba, de Machado de Assis
Um clássico que eu não relia desde os tempos do colégio. Esse livro me fez lembrar como as relações são complicadas e como a loucura tá sempre ali, de mansinho, nos encarando pela fresta da porta. E que nos piores momentos da vida, tudo o que temos é um bom cachorro.
➡️ A Paixão Segundo G.H., de Clarice Lispector
Aquele livro que Clarice, em entrevista, disse que é pra ser sentido, não entendido. Durante a leitura, senti. Isso basta.
➡️ Leonardo da Vinci, de Walter Isaacson
A biografia de um gênio. O melhor desse livro, além da lista final sobre como enxergar a vida pelas lentes de Leonardo, foi a inserção das reproduções das páginas dos cadernos dele. Em 2023, voltei ao costume de manter diários por causa desse livro.
➡️ Sobre a Ira/Sobre a Tranquilidade da Alma, de Sêneca
Sêneca é meu queridinho. Esses diálogos, especialmente Sobre a Ira, me fizeram questionar a necessidade da raiva no meu cotidiano e me tornaram mais tolerante antes de dizer algo sem pensar. Planejo voltar a ele em 2024.
➡️ Tetralogia Napolitana, de Elena Ferrante
Aquela série de livros que eu gostei meio desgostando e que, entre idas e vindas, vai ser o tema do meu mestrado. Vai dizer que a vida não é louca?
➡️ Ser Livre com Sartre, de Fréderic Allouche
Um ótimo texto introdutório sobre a filosofia existencialista de Sartre. Durante 2023, me presenteou com a ideia de que todos nós somos um eterno projeto em desenvolvimento. É um bom lembrete pra 2024.
➡️ Poética, de Aristóteles
Meu primeiro contato com Aristóteles. Um livro curtinho e difícil, que me trouxe a noção de que todas as coisas vêm de outras coisas.
➡️ Alcibíades I, de Platão
Um diálogo que me ensinou a ser honesta com as coisas que eu sei e, principalmente, com aquelas que ainda não sei.
➡️ Romance: História de uma Ideia, de Julián Fuks
Livro teórico sobre um dos meus temas preferidos da literatura: o romance. É um livro que me trouxe uma tonelada de bibliografias e a ideia reconfortante de que, não, o romance não morreu.
➡️ A Hora da Estrela, de Clarice Lispector
Reli pela primeira vez desde os tempos do colégio. Um livro que me ensinou o poder de uma atmosfera bem construída e a importância de chorar por personagens ficcionais. Ainda estou de coração partido por Macabéa.
➡️ O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna
É impossível ler essa peça sem um sorriso no rosto. Chicó e João Grilo me mostraram que um pouquinho de esperteza e imaginação pode nos levar longe.
➡️ Rakushisha, de Adriana Lisboa
Romance brasileiro contemporâneo, algo que estava faltando na minha vida. Uma história sobre perdão e recomeços, que me mostrou o poder do detalhe na escrita.
➡️ Il Visconte Dimezzatto, de Ítalo Calvino
Um ensinamento valioso não só pra 2024, mas pra vida toda: separar nossas metades, a boa e a ruim, é um erro sem tamanho. A unidade, com todos os seus dissabores, é preferível a uma existência mutilada.
➡️ Il Barone Rampante, de Ítalo Calvino
Um livro que me ensinou que até a rebeldia precisa de disciplina pra acontecer.
➡️ Il Cavaliere Inesistente, de Ítalo Calvino
Não foi uma das minhas leituras preferidas. No entanto, a metáfora de um cavaleiro que não existe quando está sem armadura — literalmente —, é boa demais pra deixar passar.
➡️ As Margens e o Ditado, de Elena Ferrante
Conjunto de ensaios sobre a prosa de Ferrante. Tentei buscar Lila e Lenu nessas páginas, mas encontrei muito pouco. Por sorte, acabei encontrando um pouco de mim.
➡️ Clarissa, de Érico Veríssimo
Uma menina crescendo numa pensão de Porto Alegre, nos anos 1930. Imagens lindíssimas sobre o que é crescer. Me lembrou de aproveitar bem a primavera.
➡️ História Concisa da Itália, de Christopher Duggan
Aquela leitura que terminei em 31 de dezembro, às 22h, mas que me mostrou a Itália como um país fragmentado, que mesmo com o passar dos anos ainda busca por uma unidade interna.
Menções honrosas
Livros que fizeram parte do meu 2023 — alguns, vale frisar, como releitura — e que me trouxeram gratas surpresas e novos ensinamentos:
⚡ A Megera Domada, de William Shakespeare
Nem tudo precisa aprendizado. Reli essa peça pra me lembrar por que gosto tanto das comédias de Shakespeare, apesar de alguns aspectos do texto me incomodarem.
⚡ Meditations, de Marco Aurélio
Lido na tradução em inglês, fez mais sentido do que nunca. Marco Aurélio toca em todos os pontos que busco pra levar uma vida tranquila. Tenho poucas certezas na vida, mas uma delas é a de que voltarei a esse livro muitas vezes em 2024.
⚡ Hamlet, de William Shakespeare
É impossível ter qualquer aula com o professor Assis Brasil e não reler Hamlet. Apesar de tudo, Ofélia continua como minha personagem preferida.
Esses foram os livros que li em 2023 e os ensinamentos que consegui extrair deles. Existem leituras que não foram listadas aqui porque 1) não foram importantes ou 2) eu me esqueci completamente delas. De qualquer forma, aqui estão os importantes.
Espero que 2024 seja um ano com ainda mais leituras incríveis pra mim e pra você.
Até a próxima! ✨
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