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Nunca me considerei uma escritora criativa.
Pra mim, sistemas de magia super complexos sempre foram um pouco enfadonhos, tenho preguiça de criaturas fantásticas e nunca me vi escrevendo sobre mundos que não existiam, criando religiões, povoados, reinos, cidades e mitologias que não fariam a menor diferença na vida do leitor. Ou na minha.
Mas aí veio Értus. Depois de ler As Crônicas de Gelo e Fogo, fiquei obcecada pelo mundo criado por Martin. Sendo bem sincera, a parte da magia e dos dragões ainda me cansava, eu não poderia ligar menos pras criaturas esquisitas que povoavam o lado de lá da Muralha, mas a parte política me conquistou.
Eu queria aquilo que ele tinha criado. Aí eu criei, mas do meu jeito. Como diz John Green, deixei todos os soldadinhos prontos pra batalha, organizei cada exército, estabeleci estratégias, linhas do tempo, planos de ataque… e engavetei o mundo quando chegou a hora de pensar numa história que combinasse com ele.
Corta pra dez anos depois. Ou mais.
Quando decidi escrever Os Doze Pretendentes, percebi que seria a oportunidade perfeita pra fazer Értus existir fora dos meus cadernos e dos mapas desenhados de forma um tanto tosca.
Nessa edição especial do behind the scenes, vou abrir a minha gaveta — e o meu coração — pra mostrar de pertinho pra você o livro que estou trabalhando no momento, Os Doze Pretendentes, e o universo ao qual ele pertence.
Mas antes…
O que eu quero, afinal, com esse livro?
Como eu disse, nunca me considerei alguém de criatividade afiada. Muito menos uma escritora de mundos fantásticos e criaturas mirabolantes.
O que eu quero, então, com esse livro?
Quando veio a ideia, eu queria uma aventura-meio-fantasia que não fosse tão medieval. Eu queria que os leitores não enrolassem a língua pra falar o nome de lugares e personagens, que tudo fosse escrito exatamente como é lido. Eu queria um mundo que além de espadas, tivesse pistolas. Eu queria que as cidades maiores fossem vivas, com lojas de livros, de chocolates, de tudo.
Mas eu também queria florestas, bosques, ruínas, cavaleiros, castelos — e palácios suntuosos —, bailes públicos e privados, lendas de amor, heróis fictícios, políticas complexas, preconceitos enraizados, rancores de guerras passadas e brigas de taverna.
Eu queria algo meio Zorro, meio Gato de Botas. Algo que fosse diferente, que tivesse um pouco desse som aqui.
Resumindo: eu queria um mundo vivo, que tivesse sua própria história e que pudesse ser utilizado como pano de fundo pra diversas narrativas únicas.
Ambiciosa, eu? Imagina.
E assim nasceu Értus
Hoje, o mundo de Értus tem dois grandes continentes conhecidos dos navegadores: Sodhagar, ou o Velho Continente; e Altarga, conhecido como Novo Continente ou, pra facilitar a nossa vida, simplesmente Continente.