Já dizia Plutarco:
A mente não é uma vasilha a ser preenchida, mas uma chama a ser acesa.
Sempre que me perguntam por que eu gosto tanto de estudar, nunca sei ao certo como responder, mas a citação de Plutarco volta como um bumerangue às minhas ideias conturbadas. No entanto, para não parecer tão desinteressante uma vez confrontada com a pergunta, eu deixo escapar uma risadinha e respondo que não gosto de estudar, mas de aprender.
É difícil explicar aos outros a diferença entre mentes, vasilhas e chamas a serem acesas quando a pergunta vem até nós num tom acusatório de quem não entende a paixão por aprender.
Pausa para uma história engraçada. Umberto Eco, um dos maiores escritores italianos da atualidade, é reconhecido por sua biblioteca particular que contém mais de 30 mil volumes. Eco sempre disse que, quando alguém visitava sua casa pela primeira vez e, admirado, perguntava se o autor havia mesmo lido tudo aquilo, ele sabia que não estava diante de um leitor de verdade. Leitores entendem a importância da leitura, mas, principalmente, da não-leitura.
É difícil explicar aos outros por que gosto tanto de aprender, de estudar, mas quem divide essa paixão se reconhece em silêncio. Não existe a necessidade de perguntas.
Um dos mantras da minha vida, quando penso nesse tema da aprendizagem, só podia vir de Clarice Lispector. Confesso que repito essas palavras como uma oração quando aquilo que desejo aprender se mostra frustrante ou difícil:
Há coisas que só se aprende quando ninguém as ensina.
Me considero extremamente sortuda por, ao longo da vida, ter convivido com professores que não apenas me ensinavam as matérias, mas também o amor pelo ato de aprender. Sabedoria, me dizia a maioria deles, era se interessar tanto por um assunto que o objetivo último não era dominar o tal assunto, mas o processo que levava até ele. Resumindo: a aprendizagem.
Li em algum lugar que os professores devem ser como pontes para os alunos: eles facilitam a passagem, mas devem, uma vez atravessados, colapsar alegremente para estimular os alunos a serem, eles mesmos, novas pontes. O aprendizado, enfim, deve ser uma característica cultivada ao longo da vida.
Resumindo: nunca pare de aprender. Em tempo onde as inteligências artificiais atrofiam o pensamento, se apaixone por um assunto complexo e se deixe consumir pelo processo laborioso, frustrante e recompensador de aprender.
Até a próxima! ✨